“Não se pode estar apaixonado por duas pessoas ao mesmo tempo, meu Deus, quanta gente morreu e morre todos os dias por causa desse dogma babaca, que é tão arraigado que a pessoa, homem e, principalmente, mulher, que está ou é apaixonada por dois ou três entra em conflitos cavernosíssimos, se remói de culpa, se acha um degenerado, não confessa o que sente nem às paredes, impõe-se falsíssimos dilemas, se tortura, é uma situação infernal e cancerígena, todo mundo lutando estupidamente para ser Quixotes e Dulcinéas. É o atraso, o atraso!
Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limite é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses números são arbitrários, tirânicos e opressores.
(…) A superstição perniciosa generalizada é que é preciso deletar o anterior, para aceitar o novo. Que pobreza, que pobreza, que pobreza, que atraso!”
Um trecho de João Ubaldo Ribeiro do livro A casa dos budas ditosos… Para todas aquelas pessoas que se acovardam diante do amor e de suas surpreendentes faces…Para os que tem medo dos próprios sentimentos e se armam, para ferir e atropelar quando não se compreendem… quando não se aceitam diante no inesperado, que sempre vem…