No auge apocalíptico da dor os alvéolos pedem mais três goles de ar. Inspiro, é lama. Esvazio três doses de lágrimas e peço hora no dentista. Cada extração me renova a fé. Não é a morte que me mata é a vida, e a cada dente arrancado me mato antes dela.
Vai, levanta. Não! Deita… Essa vida que não se anula, que abre e fecha a escotilha cada vez que o cérebro pede um suspiro…
Deito, devoro dois sonhos, o resto de açúcar da mão não lambo – qualquer movimento me erotiza – limpo na fronha. Se tiver sorte uma procissão de formigas alucinógenas arrombarão meus lábios em busca de mais doce. Obstinadas a pararem meu coração lascivo, marcharão desgovernadas por meu sangue enquanto durmo… e sonho, com os pedidos de perdão que nunca chegam, com meu milésimo voo arremetido e com o medo de acordar viva no dia seguinte.
Calma, dói mas amanhã vai ser pior.
Adoro seus textos… Cheios de metáforas que tento interpretar mas no máximo arranho um sentimento qualquer de agonia, dor ou algo assim…
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Eu também tento… Será que vamos morrer assim? Sem a chance de nos compreender? Sem chegar perto de entender o que pensa em nos?
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