Sinto uma raiva secreta de todos que me amam. Especialmente daqueles que alardeam isso. Me fazem sentir uma impostora, na melhor das hipóteses uma atriz. Tento alerta-los do equívoco, descrevo um a um meus pecados, desmascaro todos os meus supostos atos de bondade, e por fim, os insulto…. mas ainda sim são capazes de virar o jogo a meu favor… e ver beleza na devassidão.
Se me atiro em um barril de esterco, me sinto aliviada e confortável, se me levam pros banquetes dos castelos de cinco estrelas, me apavoro frente á injustiça.
Me tiro e me destilo, três dias mais no fundo do barril… ao sair volto a ter que insistir na realidade que não enxergam: o medo que me causa suas declarações de amor, o pânico que me toma seus olhares de desejo… ser amada dói, como um soterramento, que vai comprimindo aos poucos e secando o ar dos pulmões… lá embaixo o único que se pode pensar é em desistir…