Não existe virtude. Existe falta de exposição a situações e vivências degradantes. Ninguém se mantêm virtuoso diante da desolação de um filho, da aniquilação de uma mãe de um pai, perante a dilaceração dos laços de amor, eternos, passionais ou fraternos.
Se você se sente virtuoso experimente respirar com três palmos de lama sobre o crânio, entregue sua carne ao sacrifício do espírito, arranque um a um os dentes que moem o alimento do corpo, e que te fazem o mais belo entre os escravos.
Experimente subir onde ninguém pode te ver e viva alí, sem platéia, com dois litros de ar per capita e verá tuas idolatradas virtudes esvaziando teu peito e te colocando onde nunca percebeu que sempre esteve, no mesmo corredor da morte que eu!
E na sala de espera desse matadouro não terás direito a um advogado de defesa porque serás julgado pelo vazio que te preenche depois que tuas falsas virtudes de esvaiam na altitude da egolatria. Bem assim, sem choro e com muita vela.
E eu!?
Serei julgada igual meu amor, a única diferença é que já me acostumei com o martírio das penas. Me adiantei, consciente há muito tempo da irrelevância das virtudes, me infringí vários suplicios como ensaio, já calejei meu pulmão e só posso viver no ar rarefeito.
Agora estou aqui, só esperando que um dia a guilhotina não falhe. Boa sorte!
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